Saudade de Pixinguinha

 

Falar de Pixinguinha é falar sobre a origem do choro e da brasilidade de nossa música. Para muitos, ele foi o mais genial músico brasileiro de todos os tempos. Ao seu lado, nomes como Tom Jobim, Cartola, Heitor Villa-Lobos, Garoto, Radamés Gnattali, Ary Barroso, Jacob do Bandolim e Dorival Caymmi são a elite e o alicerce do que é a essência da música popular brasileira.

Nascido Alfredo da Rocha Vianna Filho, em 23 de abril de 1897, em Piedade, Rio de Janeiro, era filho do flautista e funcionário do Departamento Geral dos Telégrafos, Alfredo da Rocha Viana e de Raimunda Viana. O Dia Nacional do Choro é comemorado em 23 de abril em homenagem ao músico.

Aos 14 anos, já era flautista profissional. Em 1915, fez sua primeira gravação para a Casa Falhauber, com o grupo Choro Carioca, interpretando o tango brasileiro “São João Debaixo d’água”, de seu professor Irineu de Almeida. Em 1917, gravou o choro “Sofre Porque Queres” e a valsa “Rosa”, em parceria com Alfredo Vianna.

Em 1918, Pixinguinha e o amigo Donga foram convidados para tocar na sala de espera do cinema Palais, no centro do Rio de Janeiro. Nascia então o grupo “Oito Batutas”, formado por Pixinguinha (flauta), José Alves (bandolim), José Palmieri (pandeiro), Nelson dos Santos (cavaquinho), Donga e Raul Palmieri (violão), Luís de Oliveira (bandolim e reco-reco) e China (canto, piano e violão).

Três anos depois, o grupo fez uma temporada de sucesso em Paris, na França. De volta ao Brasil, continuou se apresentando com Os Batutas até terminar o grupo e recomeçar ao lado de Donga a Orquestra Pixinguinha-Donga. Sua composição mais famosa, “Carinhoso”, é escrita em 1928, mas a versão definitiva com a letra de João de Barros só aconteceria em 1937. Em 1932, Pixinguinha fundou o grupo da “Velha Guarda”, junto com Luís Americano, Vantuil, Donga, João da Baiana e outros.

 

Estátua do músico na Travessa do Ouvidor, centro do Rio
Entre suas composições mais marcantes estão “Rosa” (1917), que ganharia letra de Otávio de Sousa em 1937, “Um a zero” (1949) e “Vou vivendo” (1946), ambas em parceria com o flautista Benedito Lacerda, “Lamentos” (1928), que ganharia letra de Vinicius de Moraes em 1962 e teria o nome mudado para “Lamento”, “Naquele Tempo” (1934) e “Ingênuo” (1947).

Em 1968, Pixinguinha grava o disco Gente de Antiga ao lado da cantora Clementina de Jesus e do compositor João da Baiana. O álbum traz sambas, choros e partido-alto. No repertório, “Cabide De Molambo” e “Batuque Na Cozinha”, de Baiana, além de composições de Pixinguinha como “Aí Seu Pinguça” e “Fala Baixinho”. Ouça abaixo a íntegra deste disco.

Em 17 de fevereiro de 1973, um sábado de Carnaval, Pixinguinha faleceu dentro da igreja Nossa Senhora da Paz, onde estava para batizar o filho de um amigo. Foi enterrado no dia seguinte, no cemitério de Inhaúma, Rio de Janeiro, ao lado de sua mulher, que falecera um ano antes.

Em 1998, o saxofonista Paulo Moura lança o disco Paulo Moura & Os Batutas – Pixinguinha, com o repertório composto por obras de Pixinguinha. Gravado ao vivo no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, Paulo Moura escalou uma formação de octeto, nos moldes do grupo Oito Batutas de Pixinguinha, para criar a atmosfera ideal para a plateia.

O grupo é formado por Joel do Nascimento (bandolim), Zé da Velha (trombone), Jorge Simas (violão de 7 cordas), Márcio Almeida (cavaquinho), Jorginho (pandeiro) e Marçal e Jovi (percussão). No repertório, clássicos como “Urubu Malandro”, “Pelo Telefone”, “Rosa” e “Cochichando”. Ouça abaixo a íntegra deste disco.

Em 2016, no bairro de Ramos, zona norte do Rio de Janeiro, no Bar da Portuguesa, foi inaugurada uma estátua em homenagem ao músico. O local era frequentado por Pixinguinha, que costumava ir ao bar vestindo pijama e chinelo, exatamente como foi retratado na bela estátua criada pelo escultor Ique. Essa é a segunda estátua do músico na cidade. A primeira está na Travessa do Ouvidor (foto acima), no centro da cidade, e é de autoria Otto Dumovich.

 

Em 2017, foi divulgado que o filme Pixinguinha – Um Homem Carinhoso, estrelado por Seu Jorge (Pixinguinha) e Taís Araújo (mulher do compositor) (foto acima), estava com dificuldade para ser concluído por falta de dinheiro.

A direção é da cineasta Denise Saraceni e conta ainda com a participação especial de Lázaro Ramos, que interpreta Alfredo Vianna, pai de Pixinguinha. Não há previsão para o lançamento do filme.

Para conhecer um pouco mais Pixinguinha e o choro, veja a série Brasil Toca Choro, produzida pela TV Cultura e disponível no canal oficial do programa no Youtube. Clique aqui e boa diversão.

Em 2013, o bandolinista Hamilton de Holanda lançou o disco Mundo Pixinguinha, com participações especiais de Stefano Bollani, Richard Galliano, André Mehmari e Omar Sosa. Clique aqui para ver o DVD de Hamilton de Holanda.

Nos vídeos abaixo você encontro programas especiais sobre Pixinguinha exibidos pela TV Cultura, um no programa Bem Brasil, com participação de Henrique Cazes, Bocato, Armandinho, Nosso Choro e Mônica Salmaso outro no programa Ensaio, com Ademilde Fonseca, Vinicius de Moraes, Toquinho, Época de Ouro, Altamiro Carrilho, Nicolino Copia e Tom Jobim.

Fonte: MUSEU AFRO BRASIL & UOL EDUCAÇÃO

 

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